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RETROSPECTIVA DE JEAN ROUCH, COM A EXIBIÇÃO DE 37 FILMES NO AUDITÓRIO DO SEBRAE A obra do cineasta-antropólogo francês, famoso por seu trabalho sobre povos africanos, poderá ser vista em NATAL, entre 21 e 26 de junho, após ser exibida em outras capitais brasileiras O cineasta-antropólogo francês Jean Rouch, o mais importante realizador no campo do filme etnográfico, ganhou no ano de 2009 (“Ano da França no Brasil”) sua maior retrospectiva no País, comparável apenas à realizada pela Cinemateca Francesa, em 1999. À ocasião, pesquisadores e cinéfilos brasileiros tiveram a oportunidade de assistir à vasta obra de Rouch e participar de colóquios sobre seu legado, sua relação com a antropologia e com a linguagem cinematográfica. Em seu formato original, a retrospectiva presenteou o público de São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília com a exibição de 91 filmes. No intuito de possibilitar que espectadores de outros centros entrem em contato com esta obra, considerada uma das mais relevantes da sétima arte no século XX, a Associação Balafon (responsável pelo projeto), com o patrocínio da Secretaria do Audiovisual e o Ministério da Cultura, estendeu a retrospectiva para mais 06 capitais brasileiras, dentre elas Natal. A versão potiguar da mostra conta com a organização local do Navis (Núcleo de Antropologia Visual da UFRN), da Zoon e do Cineclube Natal, e com apoio do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (PPGAS), do Departamento de Antropologia (DAN) e do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da UFRN (CCLHA). Entre os dias 21 e 26 de junho, no Auditório do SEBRAE-RN, serão exibidos gratuitamente 37 filmes do grande documentarista francês, entre longas e curtas, a maioria inédita no Brasil. Oportunidade única para o público conferir títulos importantes como “A Pirâmide Humana”, “Pouco a Pouco”, “Crônica de um Verão”, “Eu, Um Negro” e “Jaguar”, além de outras obras menos conhecidas, mas igualmente fundamentais à trajetória de Rouch. Sob a curadoria do mineiro Mateus Araújo Silva, o atual ciclo é uma versão reduzida da mostra de 2009. Para tanto, Mateus delimitou um recorte conciso, mas não menos representativo da obra e do itinerário de Rouch nos aspectos temáticos, geográficos e nos valores estéticos: um conjunto de 37 filmes, divididos em 17 programas (veja programação completa em outro arquivo). “Se muitos sabiam que Rouch é um cineasta fundamental e um africanista importante, pouquíssimos haviam tido um contato direto e efetivo com o conjunto de sua obra. Sua vasta filmografia, que aguardava uma retrospectiva ampla, agora é devidamente resgatada. Seus escritos numerosos, porém, ainda esperam a iniciativa de editores audazes para serem traduzidos entre nós”, destaca o curador. Razão suficiente para reconhecermos a importância da Mostra, tanto em sua versão integral quanto em seu novo formato, para a nossa cultura cinematográfica. Sobre Jean Rouch
Seus filmes influenciaram a geração de cineastas da Nouvelle Vague e nos anos 60, ele fez parte de uma vertente do documentário que ficou conhecida como "cinema verdade". Sua obra, diversas vezes premiada em Veneza, Cannes e Berlim, se compõe de documentários etnográficos (Os Mestres Loucos e Sigui sintese), sociológicos (Crônica de um Verão) e ficções (Eu, um Negro e Cocorico, Monsieur Poulet). Rouch inovou técnica, ética e esteticamente. Procurou tratar seus personagens como sujeitos e não apenas objetos do discurso fílmico. Na sua visão, o desejo de investigação do filme etnográfico oferece um ponto de convergência entre a subjetividade do criador e a objetividade do pesquisador – ou, de outro modo, entre arte e ciência. ?Em oposição a mestres da antropologia como Claude Lévi-Strauss (para quem o registro cinematográfico era “como um caderno de notas, que não deveria ser publicado”), Rouch entendia o documentário etnográfico como uma forma de estabelecer um diálogo com o sujeito do seu estudo, em vez de apenas descrevê-lo. Esta mudança de paradigma seria, para Rouch, uma maneira de contribuir para que a antropologia deixasse de ser “a filha mais velha do colonialismo”. Sobre o curador Mateus Araújo Silva - Organizador, com Andrea Paganini e Juliana Araújo, das Retrospectivas e dos Colóquios Jean Rouch em 2009, Mateus Araújo Silva é Doutor em Filosofia pela Université de Paris I (Sorbonne) e pela Universidade Federal de Minas Gerais (com uma tese sobre o problema da imaginação em Descartes), ensaísta de cinema e tradutor. Publicou estudos filosóficos sobre Platão, Aristóteles, Descartes e Adorno, e ensaios críticos sobre o cinema de Humberto Mauro, Glauber Rocha, Jean-Luc Godard, Alain Resnais, Manoel de Oliveira, Serguei Paradjanov, Federico Fellini, Carmelo Bene, Jean-Marie Straub & Danièle Huillet, Pedro Costa e o pensamento de Ismail Xavier e Jean-Claude Bernardet, entre outros. Co-organizou o volume coletivo francês Glauber Rocha / Nelson Rodrigues (Magic Cinéma, 2005), um número especial da revista Devires (UFMG) sobre Jean Rouch (Vol.6, n.1, 2009) e traduziu Glauber Rocha na França (Le Siècle du Cinéma, 2006), onde vive e trabalha desde 1998. Sobre a instituição
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